A História de Ndzinga, a beleza escondida sobre a vergonha (Episodio I)
Episodio I
— Msaú me espere — gritou Ndzinga, correndo atrás da Msaú sua prima.
Msaú não fez caso do chamado, ela continuou andando como se nada tivesse ouvido.
— Prima! Me esperem — gritou Ndzinga novamente mais forte
— Msaú, é a Ndzinga sua prima, ela pede que esperemos por ela — disse uma das raparigas olhado para trás
— Andemos! — Ordenou Msaú, — temos que chegar cedo ao rio e buscar a água, não temos tempo para esperar ninguém.
— Msaú, temos que espera-la ela é sua prima — defensou a rapariga
— E o que eu tenho com isso? Ela que se cuide sozinha — repostou Msaú irada.
As raparigas continuaram andando a mando da Msaú, Ndzinga com medo de ser deixada para trás e se perder no meio daquele bosque, ela correu tanto quanto os seus pés podiam que encontrou o grupo das raparigas antes mesmo de contornarem a montanha.
— Então Ndzinga! Faltam dois dias para a lua cheia, quem você acha que o novo rei irá escolher? — perguntou uma das raparigas sorrindo.
— Msaú — disse Ndzinga.
— Porquê acha que a Msaú será a escolhida?
— Porque ela é a mais bonita dentre nos, tem as ancas mais avantajadas e os seios de uma mulher de verdade, é claro que o novo rei vai escolhe-la.
— Você também é bonita Ndzinga, eu acho que o novo rei irá escolhe-la.
— Parem com isso! — Ordenou Msaú encolerizada — o novo rei irá escolher aquela a quem mais o cativar. Agora andemos! — Ordenou Msaú.
As raparigas com seus cântaros na cabeça, iam desfilando entre o bosque, contornaram a montanha e chegaram ao rio.
— Chegamos! — Disse Msaú olhando para o rio.
— Sejamos breves! Temos que retornar antes do por do sol.
As raparigas pegaram os seus cântaros, mergulharam ao rio e ficaram enchendo de água.
— Msaú! — Disse uma das raparigas assustada
— O que foi?
— Você ouviu?
— Ouvir o que?
— O silêncio das águas.
— Como poço ouvir o silêncio? Não ouço coisa alguma, apenas a sua voz masculina irritando os nossos ouvidos.
— A minha avó me disse que quando as águas estão calmas, é porque há um predador por perto.
— Não há predadores nesse rio, levo água aqui desde os meus 10 anos e….
Antes que a Msaú terminasse com as palavras, um grito forte reverberou, as águas salpicaram como se alguma coisa enorme caísse do céu.
— Crocodilo! — Gritou umas das raparigas apavorada.
As meninas saíram correndo do rio, elas viram a sua amiga sendo despedaçada, apenas com um giro da morte, o crocodilo arrancou o seu pé direito, a rapariga gritava por socorro, mas nenhuma delas se atreveu em entrar na água, as outras fugiram ao ouvir os gritos.
— Msaú o que faremos? — Perguntou uma das raparigas aterrorizada
— Ndzinga, vai busca-la — ordenou Msaú
— O quê? — Perguntou Ndzinga com um ar de espanto
— Seja rápida Ndzinga, vá busca-la antes que o crocodilo retorne
Ndzinga com o coração batendo forte, entrou ao rio, os gritos da rapariga clamando por socorro se intensificavam, Ndzinga apressou-se e quando ela ia puxar o corpo para a margem, o crocodilo deu mais um giro da morte, as aguas se agitaram, Ndzinga saiu correndo do rio, depois daquilo, ninguém mais viu o corpo nem ouviu-se grito algum, o crocodilo havia levado a rapariga.
Um silêncio sepulcral pairou naquele instante, as moças ficaram ali apavoradas com o sucedido
— Ndzinga, você é a única culpada de tudo isso — gritou Msaú.
— Não! Ela não é culpada, é o Zuzu, o espírito das Aguas, ele sempre alimenta-se de uma rapariga nessas épocas do ano — disse uma das moças.
— O quê?
— Todos os anos isso acontece, é o preço que pagamos ao espírito Zuzu por nos alimentar com as suas águas.
— Desculpa Msaú, eu tentei — disse Ndzinga com lágrimas nos olhos.
Msaú olhou para Ndzinga, aproximou-se e lhe disse baixinho nos ouvidos
— Ficaria feliz, se o espírito Zuzu leva-se você.
Msaú carregou a sua bilha, pô-la na cabeça e partiu
Msaú era uma mulher talentosa e bonita, quando ia andando, a cada paço que ela dava as suas ancas a acompanhavam, era como se ela estivesse dançando, Msaú deixava a aldeia toda de joelhos com a sua beleza e seu corpo tentador, estava claro que era ela a escolhida.
As raparigas voltaram para a aldeia, contaram o sucedido aos mais velhos e se fez uma cerimónia.
Ainda se aproximava a lua cheia, todas as raparigas virgens, foram convocadas a comparecer na aldeia central, onde o jovem rei escolheria aquela a quem mais lhe provocasse mil encantos.
A avó da Msaú, estava morrendo, em seus últimos suspiros mandou chamar a neta, não se sabe porquê a velha mandou chamar a Msaú, parece que lhe queria dar um presente.
— Entra filha — disse a avó com um tom fraco
Nunca nenhuma neta tinha entrado naquele quarto, Msaú foi a primeira.
— Me dê aquela peneira filha. — Disse a velha apontando para uma peneira.
Msaú levou a peneira e trouxe ao leito da avó.
Não perca o episódio II
Veja o Episodio II: A História de Ndzinga, a escolha do rei e o ódio (Episódio II)
Escrito por B.B. Velaskis
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Veja o Episodio II: A História de Ndzinga, a escolha do rei e o ódio (Episódio II)
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