A História de Ndzinga, a escolha do rei e o ódio (Episódio II).





Episodio II

A avó da Msaú, procurou entre a peneira uma garrafinha onde continha uma pequena porção de encanto

— Toma! Beba isto Msaú — disse a velha cuspindo um jacto de sangue, pois a sua alma despedia-se do seu desalentado corpo.

— O que é isso vó?

— Beba filha! Beba! É uma herança para você filha — disse a avó pegando as mãos da neta.

Msaú olhou em volta, havia sobre todo o canto do quarto objectos estranhos e pouca luz, parecia que havia espíritos morando ali.

— Beba filha! — Insistiu a velha.

Msaú abriu a garrafinha e tomou o que ali estava.

— Nunca gostei da sua mãe.

— Você sempre com a mesma conversa.

— Sim, ela é feiticeira.

— Não fale assim da minha mãe, tenha respeito Nsoky!

— Desde que ela apareceu na aldeia, coisas estranhas tem acontecido, leoas ceifando homens na calada da noite e na madrugada, agora ela está a beira da morte naquela palhota assombrosa com a minha filha, o que ela quer com a Msaú? humm! Diga-me? Com certeza quer passar o feitiço dela a minha filha não é? — Disse o pai da Msaú encolerizado

— Já disse para parares Nsoky, não tolero que fales assim da minha mãe.

Enquanto os pais da Msaú discutiam, eles viram a sua filha sair da palhota, a sua pele tinha mudado, estava mais brilhante e sem pelos, ela caminhava calma indo em direcção a uma arvore.

— O que aconteceu filha?

— A avó morreu.

— O que?

— Os espíritos! Os espíritos mãe, vieram leva-la — disse Msaú


Msaú caminhou até a arvore, ela fixou os olhos nela, ficou olhando eternidades sem fim, era como se a árvore a estivesse hipnotizando, não se sabe ao certo o que ela via, mas com certeza ela via coisas e falava com elas.

Chegou o dia da lua cheia, todas as moças virgens foram convocadas a aldeia central, todas, menos nenhuma.

Msaú estava ali, toda linda, lindas missangas em seus grossos pés, e no pescoço, meio kilo de ouro puro em jóia, Havia na Msaú beleza tanta, que estava claro feito dia que ela seria a nova jovem rainha.

— Prima — disse Ndzinga com um sorriso.

— O que você quer?

— Você está linda — disse Ndzinga ainda sorrindo

— Disso sempre soube — respondeu Msaú.

— Boa sorte prima, que os espíritos te protejam

— Não preciso de boa sorte, eu serei a escolhida e quando isso acontecer Ndzinga, prometo que serás a minha criada. — Disse Msaú preparando-se para a dança

— O rei se aproxima, aprontem-se para a dança — anunciou uma voz áspera ali fundo

As moças se puseram em roda, dançariam ao som do batuque e parariam todas a terceira batida do tambor.

Veio para o terreiro todo povo da aldeia para assistir a cerimónia, todo mundo viu sair do fundo de uma luz brilhante o novo rei, coberto de ouro fino, bonito e forte.

Tocou-se a primeira batida do tambor e as moças se puseram a dançar. As virgens moças dançavam e riam, o rei de longe espreitava os corpos adolescentes das jovens moças.

Tocou-se a segunda batida, a dança aqueceu-se, o povo e o rei viam as ancas da Msaú requebrarem ao som do batuque, os seus movimentos eram tais, que deixava a aldeia toda de joelhos.

— Aquela é a escolhida — disse alguém na plateia apontando para a Msaú, sorrindo admirado com a sua beleza e o seu corpo a requebrar-se nos espasmos da dança.

A noite era clara e quente, Ndzinga, como as outras dançava, dançava e ria. O rei de longe, espreitava-lhe o corpo,

Ndzinga notou que o rei olhava para ela, sorrindo, tentou desviar o olhar e se escondeu no meio das outras.

As pessoas alegravam-se com a cerimónia, os mais velhos bebiam e abençoavam a terra.

Ndzinga sorriu, ainda se escondendo atrás das outras moças, mais o olhar atento do rei, a viu.

O rei viu na Ndzinga, beleza tanta, que da beleza a formosura, haviam duas coisas nela: o seu sorriso fresco e verdadeiro e um olhar inocente cheio de luz e de nenhuma coisa.


Tocou-se a terceira batida, cessou-se a dança das donzelas, as jovens moças imobilizaram-se naquela posição em que foram surpreendidas as suas ancas.


O jovem rei levantou-se, os gritos cessaram e um silêncio pairou naquele instante.

De repente, Ndzinga viu a febre nos olhos da Msaú, viu depois que o corpo lhe tremeu de dor enquanto o dedo do jovem rei apontava para si.

As outras moças gritaram de alegria saudando a escolha do rei e ajoelharam-se diante a Ndzinga, mas Ndzinga viu, sim ela viu, ela viu Msaú tremer de dor e nos seus olhos, só fogo.


Não perca o próximo episódio III.

Autor Bei B. Lasvegas VelaskisEditado por Frases da Vida & Conhecimento


Gostou? Compartilhe.

Sem comentários

Com tecnologia do Blogger.